Criminosos invadem WhatsApp para aplicar golpes em contatos

Uma das formas de estelionato é clonar conta do aplicativo e pedir depósitos em conta para parentes e amigos

É difícil encontrar, hoje, quem não se comunica através do WhatsApp. Popular entre familiares, amigos e grupos de trabalho, o aplicativo tem sido o meio usado por criminosos para a prática de estelionatos. São diversos golpes e todos têm o mesmo objetivo: roubar dinheiro e dados.

Na última sexta-feira, a contadora Tathiana Andrade caiu no golpe. Apesar de não ter perdido dinheiro, os bandidos usaram seus dados para atrair a confiança dos contatos dela. O número do aplicativo dela foi cancelado após denúncias.

“Foi muito rápido. Estava tratando de assuntos corporativos e, no meio da conversa, a cliente me perguntou se eu poderia fazer uma transferência, pois o limite dela havia excedido. Falei que não e, em seguida, ela pediu para eu receber um SMS, porque o celular dela estava com problema”.

Quando passou o código do SMS o golpe foi consumado. “Meu WhatsApp saiu do ar. Liguei para ela e foi quando soube que o celular dela havia sido invadido. Depois disso, só recebia SMS e ligações”.

Além de orientar a não clicar em links desconhecidos, o perito judicial forense, especializado em fraudes e falsificações, Lorenzo Parodi explica como os criminosos têm acesso aos celulares e contatos, antes de replicar o golpe com links e pedidos de depósitos.

“A falha é mais nas operadoras. Normalmente (os bandidos), se passam por donos (da linha telefônica) e dizem que perderam o chip. Eles pedem um novo, o colocam em outro celular e instalam o WhatsApp. Outros pedem a portabilidade para outra operadora”.

Uma vez com os contatos em mãos, os golpistas ganham credibilidade. O cunhado de Tathiana, por exemplo, depositou R$ 2.300 na conta dos criminosos. Ele não conseguiu recuperar o valor.

Além do parente, um amigo e um cliente acessaram o SMS. O amigo é Thiago Ribeiro, gestor de projetos e processos. Ele conta que recebeu os mesmos pedidos relatados acima, clicou no SMS e passou o código.

“Minutos depois perdi acesso ao meu WhatsApp. Um amigo do trabalho, que estava comigo, recebeu uma mensagem do golpista. Imediatamente publiquei nas minhas redes sociais o que havia ocorrido. Pelo menos 50 pessoas receberam a mensagem”.

Thiago acredita que o golpe seja realizado por robôs pois se espalha rápido e as mensagens são iguais.

Orientação

Além de não clicar em links desconhecidos ou fazer operações financeiras sem checar antes, Parodi diz que existe uma forma de evitar que criminosos usem número do celular em outro aparelho, a não ser que seja clonado.

“É preciso autorizar a confirmação em duas etapas do WhatsApp. Ela impede que consigam usar o aplicativo sem ter uma senha. Essa é a defesa”.

O usuário deve ir em configurações, clicar em conta e selecionar a opção confirmação em duas etapas, onde será pedida uma senha de seis dígitos. Assim que finalizado o processo, sua conta estará mais segura.

Resposta

Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móveis Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) diz que as companhias possuem políticas e diretrizes voltadas à área de segurança da informação e antifraude, visando a proteção dos dados dos clientes. “As operadoras não têm responsabilidade legal ou ingerência sobre os conteúdos e transações feitos nesses aplicativos”.


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